Por Clóvis AndradeRepórter de Pol?cia do JC Na época em que fui afastado da Presidência, ele foi um dos meus maiores adversários.

Por isso é que eu tenho autoridade para pedir a vocês que votem em Lula para presidente." A frase foi dita, na última quarta-feira, por Fernando Collor de Mello, em com?cio no munic?pio alagoano de Porto Calvo, 95 quilômetros ao Norte de Maceió.

Quase 14 anos após ter se afastado da Presidência da República, ele tentará, nestas eleições, voltar a Bras?lia, desta vez pelo Senado, Câmara Alta do mesmo Congresso que, na época, obrigou-o a renunciar para não sofrer o impeachment.

Collor protocolou sua candidatura no Tribunal Regional Eleitoral de seu Estado, pelo pequeno PRTB, no último dia 30 de agosto – dois meses após o in?cio da disputa.

E desde então, tem declarado apoio à reeleição do petista, contra quem travou o histórico segundo turno de 1989, na primeira eleições presidenciais depois da ditadura.

A estratégia de Collor de se vincular ao presidente Lula tem sido até certo ponto discreta.

Nada de aparições no guia, adesivos com os rostos lado-a-lado, ou bandeiras contendo o nome do petista em seus eventos.

No entanto, uma observação mais atenciosa é suficiente para perceber algumas semelhanças entre os principais slogans de ambos, sem falar nos discursos de campanha.

Se por um lado o candidato do PRTB se autodenomina "o senador do povo", o principal jingle do petista diz "é Lula de novo, com a força do povo".

A música da campanha do ex-presidente também repete reiteradas vezes: "Por onde Collor passa, vai levando o povo.

Vai arrastando e vai levando o povo todo".

Monossilábico no trato com a imprensa – para alguns determinante na sua ascenção ao Planalto, e hoje acusada por ele de ter armado para tirá-lo de lá –, Collor prefere não explicar sua mudança de opinião sobre o ex-desafeto Lula , contra quem chegou a ensaiar ataques tão logo surgiram as primeiras denúncias sobre o escândalo do mensalão, no ano passado. "Escolhi apoiá-lo porque quis", limitou-se a responder.

Ainda no discurso de Porto Calvo, porém, surpreendeu ao tecer vários elogios a Lula. "Sei o que ele tem feito pelo homem mais humilde e mais sofrido".

Leia mais aqui (assinantes JC e UOL).Veja abaixo o retorno dele no guia eleitoral. É primeiro programa, onde pede, como nos velhos tempos: "Não me deixem só".