Por Andréa Leal, Flavio Machado e Guilherme EvelinDa revista Época Nestas páginas estão o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu principal adversário na disputa eleitoral deste ano, o ex-governador Geraldo Alckmin.

Aparecem também quatro potenciais concorrentes ao Palácio do Planalto em 2010 pelo PSDB e pelo PT: os tucanos José Serra e Aécio Neves e os petistas Alo?zio Mercadante e Marta Suplicy.

Todos exibem a atitude clássica de um candidato em campanha no Brasil.

Estão tomando cafezinho num botequim de rua para mostrar como eles, no dia-a-dia, são gente como a gente.

No passado, os pol?ticos consagraram a regra do cafezinho: todo candidato tem de tomar café na padaria para mostrar-se próximo ao povo.

Eles fizeram isso por pura intuição.

Só que, hoje, na caça ao voto, cada passo, palavra ou gesto de um candidato a um cargo como governador ou presidente é milimetricamente estudado por um batalhão de especialistas em marketing, munidos de uma parafernália de pesquisas.

Tenta-se antecipar a reação positiva ou negativa do eleitor a tudo: do slogan de campanha à gravata usada no horário eleitoral na TV. "Fazer campanha sem pesquisa é o mesmo que ir para uma mesa de cirurgia sem fazer exame", diz José Roberto Berni, um dos mais experientes marqueteiros do pa?s, ex-consultor das campanhas à Presidência de Fernando Henrique Cardoso, em 1994 e 1998, e de José Serra, em 2002.

A presença mais intensa das pesquisas se dá nos programas de TV.

Tome-se o exemplo de Alckmin.

Natural de Pindamonhangaba, interior de São Paulo, ele é talvez o mais paulista de todos os candidatos que já entraram na disputa pelo Palácio do Planalto.

Mas o jingle de Alckmin na TV segue o ritmo de forró, também ouvido no programa do pernambucano Lula.

O forró parece ter se tornado peça obrigatória para conquistar o voto dos eleitores nordestinos.

Até o fim da campanha, Alckmin não é mais Alckmin, mas Geraldo, porque as pesquisas mostraram que o primeiro nome é mais fácil de ser assimilado pelo eleitorado.

O slogan da campanha do PT - "Lula de novo, com a força do povo" - também foi escolhido com base em pesquisas.

Se, por uma mágica, Lula ou Geraldo desaparecessem da tela, seria dif?cil identificar quem é o candidato por trás daquele discurso de mais crescimento econômico, com maior inclusão social e mais saúde e educação para todos. "O uso intensivo das pesquisas está tornando as propostas e os candidatos cada vez mais parecidos", diz José ??lvaro Moisés, professor de Ciência Pol?tica da Universidade de São Paulo (USP). "Há muitos aspectos comuns entre Lula e Alckmin.

Ambos defendem estabilidade, controle da inflação e programas sociais." Leia mais aqui.