Por Pierre Lucena*Professor e administrador pierre.lucena@contagemweb.com.br A lista das 1000 maiores empresas do Pa?s, publicada pelo jornal Valor Econômico, mostra que nossa situação no setor privado é realmente p?fia.

Entre as 50 maiores empresas nordestinas, apenas oito são pernambucanas.

E dessas oito, cinco são concessionárias de serviços públicos: Chesf, Celpe, TIM Nordeste, Termope e Compesa.

As três restantes são: S/A Fluxo Comércio e Assessoria Internacional, Coca-Cola Guararapes e Rapidão Cometa.

Analisando o primeiro grupo, percebe-se que duas das empresas ainda são públicas, que é o caso da Chesf e da Compesa, e as três restantes vieram no rastro das privatizações ou concessões de serviços públicos.

Uma delas, a Termope, só apareceu no mercado graças a um acordo draconiano à época do apagão.

Numa espécie de subs?dio cruzado que provocou aquele aumento tão questionado nas contas de energia elétrica em 2005, a Termope sobrevive apenas porque os consumidores pernambucanos são obrigados a sustentá-la.

Todas elas apresentam lucro l?quido positivo, inclusive a Compesa, que sempre era citado como um exemplo de péssima administração financeira.

Por este lado, podemos verificar que houve uma profissionalização das mesmas, tornando-as sustentáveis, o que é muito bom.

O quadro das oito empresas é o seguinte: Empresa Setor Receita L?quida (em R$ milhões) windowtext 1pt solid; PADDING-RIGHT: 3.5pt; BORDER-TOP: windowtext 1pt solid; PADDING-LEFT: 3.5pt; PADDING-BOTTOM: 0cm; BORDER-LEFT: #c0c0c0; WIDTH: 79.9pt; PADDING-TOP: 0cm; BORDER-BOTTOM: windowtext 1pt solid; BACKGROUND-COLOR: transparent; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt" vAlign=top width=107> Lucro L?quido (em R$ milhões) Ebitda (em R$ milhões) Chesf Energia Elétrica 3.289,9 746,4 1.954,47 Celpe Energia Elétrica 1.603,6 134,8 388,4 TIM Nordeste Telecomunicações 1.334,4 mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt" vAlign=top width=107> 215,7 471,2 Fluxo Serviços Especializados 706,8 59,1 -55,1 Termope Energia Elétrica 540,7 157,3 321,6 Compesa ??gua e Saneamento 461,0 25,6 PADDING-BOTTOM: 0cm; BORDER-LEFT: #c0c0c0; WIDTH: 79.9pt; PADDING-TOP: 0cm; BORDER-BOTTOM: windowtext 1pt solid; BACKGROUND-COLOR: transparent; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt" vAlign=top width=107> 70,8 Coca-Cola Guararapes Bebidas e Fumo 379,3 - - Rapidão Cometa Transportes e Log?stica 362,8 6,2 24,3Fonte: Valor 1000 Das três empresas privadas citadas na publicação, uma delas, a S/A Fluxo Comércio Internacional, tem suas atividades, de comércio exterior de açúcar, baseadas em São Paulo; a Coca-Cola Guararapes é a fábrica da Coca-Cola aqui em Pernambuco; e a Rapidão Cometa é a única que possui produto ou serviço realmente desenvolvido aqui no Estado.

De todas essas empresas, a Rapidão Cometa deve ser destacada, pois além de ter sua sede no Estado, concentrando aqui grande parte de suas atividades de decisão, expandiu-se por todo o Pa?s, o que vem se tornando, infelizmente, cada vez mais raro nas empresas pernambucanas.

Outro fato que chama a atenção é o lucro l?quido das empresas de energia elétrica.

Em um momento em que a tarifa de energia elétrica vem sendo questionada pelos candidatos ao Governo de Pernambuco com tanta veemência, é de se estranhar esta lucratividade, principalmente por um dos argumentos apresentados à época do reajuste de tarifas, de que o composto de custos de produção apresentava necessidade imediata de reajuste de preços.

Não se questiona aqui o bom desempenho de empresas, mas quando se trata de concessão de serviços públicos, estes números devem ser observados com muito cuidado.

Os dados de lucratividade apresentados acima são o lucro l?quido e o Ebitda (Earnigs before taxes, depreciation and amortization) - algo como “ganhos antes de juros, impostos, depreciação e amortização???, em português. É uma espécie de indicador de geração de fluxo de caixa nas empresas que vem se tornando muito popular.A questão que deve ser levantada durante essa campanha é como fazer com que grandes empresas se instalem em Pernambuco sem necessariamente depender de incentivos fiscais predatórios.

E, ao que tudo indica pela discussão que vem sendo travada, vamos passar mais alguns anos dependendo da boa vontade de alguns empresários pernambucanos, que, ao que parece, não conseguem encontrar um bom ambiente de negócios para manter suas atividades centrais no Estado.*Pierre Lucena, 35, doutor em finanças pela PUC-Rio, Mestre em Economia e Administrador pela UFPE, é professor-adjunto da Universidade Federal de Pernambuco, sócio da Contagem Consultoria Estratégica e Pesquisa.

Foi secretário-adjunto de Educação do Estado. É Coordenador do Núcleo de Finanças e Investimentos do Departamento de Ciências Administrativas da UFPE (NEFI).