Por Louise Caroline*Vice-presidente da UNE Uma máxima usada na pol?tica, de Maquiavel ao facismo, é que o importante são as versões e não os fatos.
Em cima dessa idéia, o marketing contemporâneo explora a certeza de que a forma e a massificação dela podem facilmente se sobrepor ao conteúdo.Anteontem, quem passasse pela Avenida Agamenon Magalhães era abordado por militantes da União por Pernambuco e recebia um panfleto intitulado “MENDONÇA VENCE DEBATE DA TV CLUBE???.Nas disputas do Movimento Estudantil, esse tipo de nota é distribu?da pelo candidato que não se sai bem no debate.
Na grande pol?tica não é diferente.
Mendonça foi derrotado no primeiro encontro com os demais candidatos a que compareceu.
Inicialmente, pela postura insegura e frágil que apresenta quando fora das edições publicitárias e da sombra de Jarbas Vasconcelos.
Depois, pela estratégia equivocada de atacar Eduardo Campos e Humberto Costa quando a vidraça é ele.
Por ter começado os ataques, o governador-candidato perdeu o argumento de que foi agredido.Ainda vieram os fatores Edilson Silva com o meio bilhão de reais devido por José Mendonça, o Mendonção; Renê Patriota pedindo de volta o seu partido engolido por Jarbas; Clóvis Corrêa e os escândalos da CELPE; Rivaldo Soares e a (a) pol?tica de segurança.
Quando tentou demonstrar conhecimento do estado, Mendonça ainda confirmou a inauguração de obras - no caso uma quadra poliesportiva no Ibura - sem que elas estivessem prontas.Um desastre que, com certeza, deve estar perturbando a União a ponto de provocar uma nota que tenta repercutir versões nada próxima dos fatos.
E mais ainda, dúvidas quanto às vantagens da presença de Mendonça nos embates que virão.
Os debates cara a cara constituem um momento riqu?ssimo da disputa eleitoral.
Revelam as fragilidades e as competências dos candidatos a olho nu, sem fantasias ou belos jingles.
Além disso, a disputa eleitoral não se resume a ela mesma, mas é instrumento da disputa de hegemonia de idéias que permeia a sociedade.
Aproveitar o momento eleitoral para debater concepções sobre o mundo, a pol?tica e as ideologias é tarefa que já pudemos destrinchar neste mesmo blog há uma semana.
Os candidatos e candidatas, sejam quais forem os seus percentuais de intenção de voto, devem participar do maior número de embates pol?ticos, sendo respeitadas as opiniões e as regras, obviamente.A opção tática de não comparecer aos debates feita por Fernando Henrique em 1998, Jarbas Vasconcelos, em 2002, e Lula, agora, em 2006, empobrece o confronto ideológico, mas não afetou o sucesso eleitoral dos dois primeiros e não dá sinais de que atrapalhará Lula.
Mendonça Filho não pode tomar tais casos como exemplos para se esquivar dos próximos debates. É que o governador-candidato é desconhecido por boa parte da população pernambucana, não tem vôo próprio e suas chances de vitória são cada vez mais duvidosas.
Por isso, Mendoncinha deverá continuar comparecendo aos debates mas precisará mudar sua postura neles se acreditar na possibilidade de que lhes sejam positivos.
Primeiro, perceber que a arrogância tradicional da aliança Jarbas/Lavareda não está à sua altura.
Mendonça pensou que com o indiciamento de Humberto e a sobrevida dos Precatórios, conseguiria emparedar seus principais oponentes.
Foi emparedado por eles.
A campanha denuncista contra Humberto, aliás, fortaleceu a campanha do ex-ministro pela indignação que tomou conta dos candidatos e da militância.
A injustiça de incluir na máfia dos vampiros quem a denunciou, depois de uma década de vistas grossas, necessariamente indigna a sociedade e se volta contra os acusadores.A dedicação ao debate é uma marca na vida da esquerda.
Por isso, é através da argumentação, do olho no olho, da proposição e do desmonte de uma estratégia virtual que a militância de Lula, Humberto e Luciano irá deflagar nesses próximos trinta dias uma ofensiva de massas rumo à vitória.A máxima das versões sobre os fatos, assim como todas as leis da pol?tica, estão sempre sujeitas a um elemento surpreendente que mais uma vez derrotará a prepotência mascarada: as pessoas, seus sentimentos, suas dores e seus sonhos. *Louise Caroline, 23, é estudante de direito, vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) e militante do PT.