A reportagem que a revista Veja publica nesta semana revelando o processo de indiciamento de Humberto Costa pela Pol?cia Federal aponta também Bruno Reis, assessor de Carlos Wilson Campos, ex-presidente da Infraero, como parte de um dos grupos que participavam do esquema de superfaturamento de compras no Ministério da Saúde.
Wilson é candidato a deputado federal pelo PT de Humberto.
A reportagem: BrasilBriga de sangue A PF indicia Delúbio e Humberto Costano caso dos vampiros e diz que os doisaté brigavam por propinaDiego Escosteguy Já se sabia que a quadrilha dos vampiros, assim conhecida por sua especialização em fraudar licitações do Ministério da Saúde, tinha uma conexão financeira com o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares.
Conforme as investigações da Pol?cia Federal, o esquema dos vampiros fora montado ainda sob o governo de Fernando Collor (1990-1992) e se empenhava em arrancar dinheiro de fornecedores do Ministério da Saúde.
Estima-se que, em mais de uma década de atividade, os vampiros tenham movimentado até 2 bilhões de reais.
Desde 2003, quando o governo do PT tomou posse, o esquema sofreu algumas alterações - e, sobretudo, adesões.
Um dos que passaram a atuar com a quadrilha foi o lobista Laerte de Arruda Corrêa, eterno suspeito de ser o homem de Delúbio Soares.
Na semana passada, VEJA teve acesso ao relatório da Pol?cia Federal sobre o caso.
São 800 páginas que fazem um histórico detalhado do esquema e apresentam informações ainda mais arrasadoras sobre o envolvimento de petistas.
O documento confirma o envolvimento do ex-tesoureiro do PT no esquema, apresenta provas de sua ligação com o lobista e traz uma novidade: acusa o ex-ministro da Saúde Humberto Costa, atual candidato do PT ao governo de Pernambuco, de envolvimento com a quadrilha.No relatório final, que já foi enviado ao Ministério Público, a Pol?cia Federal faz uma descrição da quadrilha - tanto de sua forma de atuar quanto de sua estrutura, apresentando até um organograma.
Diz que havia ali uma "organização criminosa", curiosamente o mesmo termo usado pelo procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, para referir-se ao PT no caso do mensalão.
Em seguida, afirma que a tal "organização criminosa", com a posse do governo do PT, incorporou uma "nova estrutura", que aproveitou "velhos planos" para "vender facilidades e influências" no Ministério da Saúde.
O pedaço que se incorporou se apresentava dividido em dois grupos.
Um estava sob o comando do então tesoureiro do PT, Delúbio Soares, e seria integrado pelo lobista Laerte de Arruda Corrêa e por dois servidores do Ministério da Saúde, Reginaldo Muniz Barreto e Ivan Batista Coelho.
O outro grupo era ligado ao então ministro da Saúde, Humberto Costa, e seria mais numeroso.
Era composto de seis assessores e lobistas - entre eles, Bruno Reis, na época assessor de Carlos Wilson, então presidente da Infraero e hoje candidato a deputado federal pelo PT.
Ao final, o relatório da Pol?cia Federal informa que as investigações resultaram no indiciamento de 42 suspeitos.
Delúbio Soares foi indiciado pelos crimes de corrupção ativa, formação de quadrilha e exploração de prest?gio.
No caso de Humberto Costa, o indiciamento se deu em razão dos crimes de corrupção passiva e formação de quadrilha.
Há trechos impressionantes no relatório.
Num deles, a Pol?cia Federal afirma que a turma de Delúbio conseguiu arrecadar pelo menos 15 milhões de reais em propinas cobradas de fornecedores do Ministério da Saúde.
No caso do grupo ligado ao ex-ministro Humberto Costa, não há estimativa do dinheiro embolsado, mas as investigações chegaram a identificar uma partilha de dinheiro - no caso, uma propina de 723.800 reais, paga por um laboratório, que acabou dividida entre o grupo do tesoureiro e o do ministro.
O relatório diz ainda que os dois grupos não tinham uma convivência pac?fica. "Há um enredo de conversas que revelam a existência de contenda entre os grupos vinculados ao ministro da Saúde, Humberto Costa, e ao tesoureiro do Partido dos Trabalhadores, Delúbio Soares, pela prerrogativa de arranjar a venda de facilidades e influência e a captação de recursos financeiros junto a lobistas e empresas", diz o documento.
Como que a comprovar que havia briga de quadrilhas, existia um terceiro grupo no esquema, que acabava fazendo a interlocução entre a turma de Delúbio e a de Humberto Costa. (…) Em seu depoimento, o lobista Laerte de Arruda Corrêa negou ter participado do esquema, mas disse que o ex-ministro Humberto Costa tinha envolvimento com a quadrilha. "É um absurdo, estou sendo v?tima de uma verdadeira armação", afirma Humberto Costa.
Na sexta-feira passada, depois de ser entrevistado e informado por VEJA sobre seu indiciamento, o ex-ministro deu uma coletiva no Recife na qual divulgou seu próprio indiciamento, reafirmou que é inocente e ofereceu a quebra de seu sigilo telefônico, bancário e fiscal.
Também há indiciados de outras colorações partidárias.
O médico Platão Fischer, que já estava no ministério quando o tucano José Serra assumiu a pasta, foi indiciado por corrupção ativa, corrupção passiva, formação de quadrilha e exploração de prest?gio.
Leia mais aqui (assinantes).