Por Pierre Lucena*Professor e administrador pierre.lucena@contagemweb.com.br> As regras impostas pela nova legislação eleitoral estão forçando as coligações e candidatos a buscarem formas alternativas de fazer campanha, o que é muito bom para a democracia.
Infelizmente essas medidas não acabarão com o caixa dois, e muito menos o esquema de controle de votos através da cooptação de l?deres locais vai diminuir.
Mas podemos verificar uma espécie de limpeza nas ruas, com uma poluição visual bem menor do que em eleições anteriores.
Apesar disso tudo, uma coisa me chama a atenção.
Sempre que atravesso alguma ponte ou avenida mais movimentada, posso ver dezenas de pessoas segurando bandeiras, ou ainda outros “militantes??? (se é que podemos chamar assim) vigiando cartazes móveis, que é uma regra imposta pelo TSE.
A criatividade é tão grande que os antigos adesivos em carros se transformaram em verdadeiros outdoors.
Mas, mesmo assim, em comparação com outras eleições, está uma maravilha.
Ninguém lambuzou os postes com cola e cartazes, e, aparentemente, aquela pouca vergonha presenciada no dia das eleições, com boca-de-urna paga, em um claro processo de compra de votos, vai acabar.
E acredito que isso vai acontecer não apenas pela legislação, mas porque os próprios candidatos querem assim.
A conta ficou absurdamente alta, e não é interesse de ninguém estimular esse tipo de campanha.
No entanto podemos avançar ainda mais, pois podemos ter uma campanha sem cartazes sujando os postes e sem bandeiras, pois isso não constrói consciência pol?tica.
Observando essas bandeiras, só me vem à mente a idéia keynesiana de intervenção estatal para geração de empregos.
Faço essa relação porque o objetivo principal era o de baratear campanhas, proibindo outdoors e outros materiais de campanha, porém o TSE e o Congresso, ao aprovar essa legislação, deram uma grande contribuição para a diminuição do desemprego.
Acho que nunca presenciamos tanta gente trabalhando em uma campanha, principalmente em atividades que não exigem qualificação técnica, como é segurar bandeiras, em um processo altamente desmotivante do ponto de vista profissional e humilhante em termos pessoais.
Alguém pode até falar que humilhação é ficar sem emprego, o que concordo, porém seria mais eficiente utilizar o recurso de outra forma, como fazendo pesquisas, melhorando o discurso, comunicando-se diretamente com o eleitor, discutindo e debatendo, do que simplesmente colocando um monte de bandeiras em cima da ponte, com mão-de-obra barata.
Keynes, se estivesse vivo, poderia ate não gostar dessa sugestão, mas a democracia iria agradecer. *Pierre Lucena, 35, doutor em finanças pela PUC-Rio, Mestre em Economia e Administrador pela UFPE, é professor-adjunto da Universidade Federal de Pernambuco, sócio da Contagem Consultoria Estratégica e Pesquisa.
Foi secretário-adjunto de Educação do Estado. É Coordenador do Núcleo de Finanças e Investimentos do Departamento de Ciências Administrativas da UFPE (NEFI).