Por Fernando CastilhoColunista de Economia do JC Pode ser uma simples coincidência, mas uma semana de guia eleitoral já dá para mostrar que o metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva está seguindo, na disputa para um segundo mandato à Presidência da Republica, o mesmo caminho trilhado por um outro metarlurgico, João Paulo de Lima e Silva, na disputa para a reeleição à Prefeitura do Recife.
A estratégia de reeleição, para quem não lembra, foi escrita e desenvolvida por ninguém menos que Duda Mendonça, que fez o que poderia chamar do "João Paulo Paz e Amor".
A proposta era mostrar o prefeito realizador de obras que a cidade não conhecia.
João Paulo investiu muito nessa imagem desde o dia em que tomou posse, mas o João Paulo administrador foi, digamos, reembalado.
Claro que os adversários tinham enormes dificuldades e todos eles perderam-se no meio do caminho, a ponto de, em determinado momento, o principal cabo eleitoral de um deles dizer que à oposição só restava cumprir tabela.
O fato é que João Paulo foi reeleito no primeiro turno, virou a maior liderança do PT no Estado e governa com uma Câmara Muncipal que está longe de lhe fazer oposição.
Tão forte que hoje ele conversa com o governo do estado (mesmo na campanha) num tom que é só gentilezas.
Agora pega isso e transporta para a campanha de Lula.
A proposta é igual.
O Lula administador, que trouxe investimentos para o Brasil inteiro, que, em quatro anos, fez estrada, ferrovias, portos, aeroportos, aumentou a exportações, nos livrou do FMI e vai por ai.
Isso sem falar no Bolsa Fam?lia.
Ou seja: a estratégia, pelo menos na primeira semana, é de mostrar o Lula gestor.
Imagina se isso der certo.
Já se sabe quem os candidados apoiados por Lula, com exceção de Sergipe e Pernambuco, estão na rabeira das intenções de votos na disputa pelos governos dos estados.
Se isso for verdade é quase certo que a bancada do PT - que agora esconde o nome do partido na propaganda - será bem menor que os 90 parlamentares eleitos em 2002.
Quer dizer: mesmo se Lula for eleito, no primeiro turno, com uma base de apoio frágil e sem compromissos partidários nos estados, estará extremanente forte como l?der.
Poderia escolher o ministério que quiseesse, fazer alianças com quem quiser, porque não deverá mais sua eleição ao partido.
Terá sido eleito com sua própria força.
Isso é poss?vel?
Como costuma dizer uma conhecido jornalista pernambucano, agora é com o povo.
Mas vale lembrar aqui as difculdades de João Pauo no primeiro mandato, quando fez um secretáriado cheio de notáveis, mas que, como ele mesmo já disse, só lhe permitiu tomar as rédeas da Prefeitura três anos depois.
Você imagina como o Lula vai poder montar seu ministério se ganhar no primeiro turno?