Por Pierre LucenaEconomista e administrador de empresaspierre.lucena@contagemweb.com.br A recente criação da Secretaria de Turismo do Estado dá mostras de que este será um assunto tratado seriamente durante esta campanha.

Não sem razão, pois o turismo é um setor econômico fortemente baseado na geração de empregos, sendo vis?veis os problemas estruturais apresentados por Pernambuco.

Percebe-se claramente que o setor anda mal.

Vários são os fatores que levam a esta conclusão.

O primeiro deles é que o turismo não está estruturado de maneira economicamente adequada, em vários n?veis.

Falo isso sem cr?ticas à atual administração estadual, pois, além de ter feito parte dela, considero que este é um assunto que não foi tratado corretamente em vários mandatos.

A priorização desta área é essencial para a geração de empregos, sobretudo em algumas regiões do interior, onde hoje o turismo não é prioridade, apesar do potencial, como a Região do Vale do São Francisco e o Agreste Pernambucano.

O turismo, além de gerador de empregos, é um eficiente meio para promover a difusão de informações sobre uma região e seus valores culturais e sociais, e também abre novas perspectivas econômicas, distribuindo renda e qualificando mão-de-obra que antes era restrita a áreas muito dependentes do setor público, como, por exemplo, a construção civil.

Para isso é preciso ampliar os intentos estratégicos do Estado neste segmento.

Turismo precisa ser pensado como um setor que integra diferentes segmentos da economia, e não só o "trade tur?stico". É preciso revigorar a visão sobre o assunto e ter coragem de perder v?nculos com um modelo mal-sucedido.

Isso passa por uma decisão pol?tica.

Não se empreende mudanças no turismo apenas com seminários de intenções, em que todos os participantes têm uma verdade sobre o assunto e uma agenda de reclamações.

Chega do discurso de que Pernambuco tem atrativos naturais e culturais diferenciados, se isso não se transforma em produtos tur?sticos competitivos.

Ou muda o sistema de gestão ou não se avança.

Não existe solução mágica.

Sem uma análise sistemática da demanda e das tendências, do comportamento do consumidor deste tipo de serviço, um sistema de informações tur?sticas atualizado e um mapeamento criterioso das potencialidades e fragilidades tur?sticas do Estado, não se define adequadamente uma boa estratégia.

A grande questão é que muitos dos esforços realizados no Estado parecem pouco alinhados entre si.

História, cultura, gastronomia, tecnologia, negócios e lazer, tudo isso faz parte do turismo.

Mas em Pernambuco cada área segue um caminho solitário. É chegada a hora de unir os esforços, minimizar as diferenças e otimizar o uso dos recursos.

A estratégia adotada durante muitos anos, e, diga-se de passagem, não apenas em Pernambuco, de organização de eventos como fator de promoção do Turismo, não apresenta resultados concretos, pois são acontecimentos sazonais, impossibilitando a manutenção da infra-estrutura tur?stica, que não é de baixo custo, como a rede hoteleira.

Estas iniciativas são muito importantes para a divulgação da região, mas não ataca a raiz do problema, que é a formação econômica de um sistema integrado de turismo.

Segundo dados da Embratur em seu anuário estat?stico de 2004, em 12 estados pesquisados, em entrada de turistas, Pernambuco só ficou à frente do Pará, Amazonas e Mato Grosso do Sul.

Perdemos do Ceará, Bahia e Rio Grande do Norte, nossos concorrentes regionais.

O Ministério do Turismo vem tentando formar clusters regionais, através da formação de roteiros integrados, no que Pernambuco avançou pouco.

Podemos afirmar que existem apenas dois pólos razoavelmente bem explorados em Pernambuco, que é o Litoral Sul e Fernando de Noronha.

Aparentemente não somos capazes de enxergar uma ação governamental efetiva em algumas regiões com grande potencial.

Acredito ser mais adequado reconhecer a falta de pol?tica de turismo no Estado, e montar uma estratégia correta para atacar os problemas de maneira eficaz, pois ainda é tempo de consertar alguns equ?vocos cometidos.

Ao contrário de outros setores, o do turismo pode rapidamente dar a volta por cima, pois estamos tratando de pessoas que são altamente voláteis nas suas escolhas de consumo.

A tentativa deve ser a de acabar com a sazonalidade provocada por eventos e a busca da estruturação definitiva do setor, buscando explorar todas as potencialidades do nosso Estado. *Pierre Lucena, 35, doutor em finanças pela PUC-Rio, Mestre em Economia e Administrador pela UFPE, é professor-adjunto da Universidade Federal de Pernambuco, sócio da Contagem Consultoria Estratégica e Pesquisa.

Foi secretário-adjunto de Educação do Estado. É Coordenador do Núcleo de Finanças e Investimentos do Departamento de Ciências Administrativas da UFPE (NEFI).