Por Mar?lia Arraes*Estudante e militante do PSB Pernambuco é um dos estados brasileiros que mais se destacam na luta pol?tico-ideológica, na vontade de sua gente de mudar a triste realidade social que sempre existiu.
Por isso, foi palco de campanhas históricas, principalmente quando falamos dos momentos em que a esquerda uniu suas forças e derrotou as oligarquias que procuram dominar (ou será que de fato dominam?) Pernambuco há 500 anos.
Não poderia deixar de lembrar as vitórias da Frente do Recife, especialmente com Dr.
Pelópidas Silveira na Prefeitura do Recife e Arraes também na Prefeitura e no Governo do Estado, de uma forma que não se pensava poder derrotar as forças conservadoras.
Depois da redemocratização, Miguel Arraes volta e, com ele, uma nova frente popular, de forma a agregar forças com um mesmo pensamento pol?tico para chegar ao governo do Estado e trabalhar pelo povo que, desde seu último governo, na década de 60, havia sido esquecido.
Assim foi a campanha de 1986, em que os trabalhadores, a classe média, a juventude, o povo sentia de volta sua esperança e a vontade de realizar mudanças.
Aliás, em tempos não muito distantes, para os jovens era quase que uma obrigação esse engajamento pol?tico.
Essa ânsia de participação era movida pela percepção das injustiças presentes na realidade social e uma cr?tica a ela.
Após quase quarenta dias de campanha oficial, nos deparamos com uma realidade diferente: parece que as pessoas haviam esquecido que a pol?tica e a festa podiam andar por caminhos diferentes.
Com o advento da nova lei eleitoral, temos o dever de trazer o povo para ouvir nossas idéias e projetos por meio de convencimento pol?tico - o que não é uma tarefa fácil nos tempos atuais, marcados pela descrença e, principalmente, pela queda de algumas estrelas nas quais muitos depositaram todas as esperanças.
Apesar desta crise no sistema pol?tico brasileiro, a juventude se apresenta com uma consciência, talvez, inesperada.
Sem showm?cios, brindes, entre outras vantagens imediatas, os jovens assumem uma militância pelo futuro de um pa?s, pela justiça social na forma concreta, ou seja, mostram que seu voto será conquistado por meio de razões sólidas para que acompanhem as idéias de um candidato ou de outro. É desta forma que as pessoas de nossa geração trazem ao processo eleitoral a alegria de quem acredita num futuro melhor.
A juventude lutou contra as ditaduras de Vargas e dos militares, pintou a cara pelas diretas já, pediu o impeachment de Fernando Collor.
Hoje, aos poucos volta a dividir as bancas escolares com a luta pela ideologia pol?tica.
O jovem vê além das cores partidárias, ele espera o novo com o respeito às tradições e às necessidades do povo, ele sabe que sua rua, seu bairro, sua cidade, seu Estado e seu Pa?s serão melhores para viver quando as condições de desenvolvimento forem boas para todos.
Tudo isso se chama esperança - condição essencial para levar o ser humano a lutar por uma causa.
Por tudo isso, militar na pol?tica é um dever que dá prazer.
Instiga, cobra a presença de esp?rito de quem quer fazer cumprir um de seus papéis na sociedade: o de cidadão.
Dá a certeza de que um dia não vamos olhar para trás e achar que poder?amos ter feito algo pra mudar tantas injustiças - no entanto nos ter?amos omitido.
E se conseguirmos mudar realmente?
Nossa missão só será cumprida mesmo quando passarmos essa noção de luta por um mundo melhor para nossos filhos, para que eles continuem na luta pol?tica.
Então, gostaria de aqui chamar a todos e a todas para, nesta eleição de 2006, ouvir as propostas dos candidatos, escolher com consciência e, com suas palavras e atitudes defender seus projetos.
Mas o trabalho não termina por a?: cabe a nós também cobrar deles as realizações.
Fazendo isso, quando menos perceber, você já vai estar interessado, participando de discussões e, naturalmente, militando.
Quem sabe, assim, não nos encontramos por a?? *Mar?lia Arraes, 21, neta do ex-governador Miguel Arraes, estudante de direito e militante socialista.