Por Louise Caroline*Vice-presidente da UNE Inicialmente, gostaria de saudar os leitores e as leitoras que, a partir de hoje até o final da campanha, irão compartilhar conosco este importante espaço de debates.
Também preliminarmente, quero agradecer e parabenizar a iniciativa do jornalista César Rocha e do Blog do JC, não em meu nome, mas em nome da luta das mulheres e da juventude que se organizam na defesa de que os espaços públicos e os grandes debates pol?ticos também sejam nossos.
Feitas as devidas considerações, gostaria de problematizar na estréia deste espaço uma questão que tem me incomodado desde os primeiros dias de campanha e que, na última semana, ocupou noticiários, jornais e comentários no mundo pol?tico.
Quarta-feira passada, o Diretório Central dos Estudantes da UFPE organizou o primeiro debate entre os candidatos ao Governo de Pernambuco.
Com base nas manifestações dos estudantes e militantes que participavam do debate, seguiram-se os mais diversos comentários de que "selvageria", "brigas", "confusão" tomaram conta da discussão e inviabilizaram o confronto das idéias.
Quero dizer, como no t?tulo deste artigo, que, em um momento tão relevante para a vida das pessoas como é o da escolha de seus maiores representantes, estranha é a apatia.
A falta de participação pol?tica dos cidadãos é o principal empecilho à concretização da democracia no Brasil.
A cada dois anos, boa parte da população escolhe seus candidatos de acordo com critérios e motivações das mais variadas, menos aquela pela qual deveriam: a identificação com um projeto de mundo, de pa?s, de cidade. É como no caso de uma das mães dos detentos criminosamente executados no Carandiru.
Jurou dedicar sua vida a vingar a morte do filho e, em eleição posterior, votou no Secretário de Segurança Pública responsável pelo pres?dio, sem que nem soubesse o significado de seu ato.
Os Movimentos Sociais e os partidos pol?ticos que defendem o empoderamento do povo como única alternativa à solução dos problemas coletivos, têm na busca da educação e da conscientização pol?tica o maior de seus desafios.
Não faltam opiniões de cientistas pol?ticos e de amantes da pol?tica no sentido de que a verticalização das alianças, a fidelidade partidária, a transparência dos programas pol?ticos são as melhores formas de elevar a disputa mesquinha e despolitizada que vivemos ao patamar do embate de idéias e de convicções ideológicas que tanto precisamos.
O que tudo isso tem a ver com as exaltações nos debates entre os candidatos a Governador?
Tudo.
Quando as pessoas têm convicção das suas opções pol?ticas, quando sentem que o que está em confronto não é um candidato mas suas próprias idéias, quando elas acreditam que defender a eleição dessas idéias é decisivo para suas vidas, para o pa?s e para a humanidade, não há como serem exterminadas as manifestações apaixonadas.
Claro que não estou defendendo agressões f?sicas, depredação de patrimônio ou desrespeito aos portadores das idéias diferentes.
Mas as "palavras-de-ordem", as "musiquinhas" e as reações quando dos ataques desrespeitosos são absolutamente naturais e, na minha opinião, devem ser desejadas.
A apatia, esta sim, é inimiga da pol?tica altiva e democrática que o Brasil precisa.
O voto silencioso, o exerc?cio democrático operado na frieza e na passividade nada têm a contribuir com a necessidade de que o voto esteja realmente vinculado às crenças e às opiniões do eleitor.
Os analistas e a população pernambucana podem ter certeza de que nossa campanha transbordará sentimentos e emoções. É que a militância está convicta de que Lula, Humberto Costa e Luciano Siqueira não são apenas nossos candidatos, mas a encarnação de um tanto de sonhos e esperanças que movem nossas vidas.
Onde houver ataques, onde houver debates, onde houver identificação, a militância sentirá na própria pele, apaixonadamente e com a certeza de que o nosso papel nessa história não é coadjuvante. *Louise Caroline, 23, é estudante de direito, vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) e militante do PT.