Por João Freire*Jornalista Uma eleição marcada por denúncias de caixa-dois, contas no exterior em nome de marqueteiros, renúncia de alguns e cassação de poucos deputados, instituições desmoralizadas e uma mini-reforma eleitoral de última hora.
Está montado o cenário ideal para uma mudança de paradigma, moralizar o processo de escolha de representantes e iniciar a reconstrução da credibilidade pol?tica.
Mas tudo indica que não será desta vez.
Continuam as compras de votos através de dinheiro remetido aos prefeitos e vereadores, continuam as negociações de cargos em troca de força pol?tica, continua a ignorância pol?tica da maioria.
E principalmente continua cara, muito cara uma eleição.
Por que somente na época de eleições, profissionais de várias áreas têm sua remuneração triplicada, algumas vezes até mais que isso?
Por que materiais gráficos e serviços são inflacionados especialmente no per?odo eleitoral?
Montou-se um mercado paralelo, enriquecendo muita gente e colocando os mandatos à disposição de quem investiu neste mercado.
Eleições viraram o momento certo para fazer negócios, e nada é mais distante de um ideal pol?tico de integridade e respeito ao bem público do que o mundo dos negócios.
Idéias não podem estar à venda, se estão é certo que algo ainda está muito errado.
O horário nas televisões e rádios é responsável pela maior parte dos gastos de uma campanha, ele é gratuito apenas em tese, as concessões aos meios de comunicação são públicas, nós pagamos para ver técnicos em marketing "venderem" uma imagem, um carisma, um pol?tico.
Leva um mandato àquele que conseguir maior número de compradores, seguindo a lógica mercado-eleitoral, para vender mais, quanto mais dinheiro melhor.
O financiamento público das campanhas é uma tentativa, válida, de restringir a influência do dinheiro nas eleições, mas só aborda parte da questão.
Mais importante do que saber de onde vem o dinheiro, é saber para onde ele vai.
Infelizmente, nesta eleição ele está indo para os mesmos lugares de todas as outras. *Jornalista, João Baltar Freire, 29, tem a militância pol?tica no sangue.
Militante do PPS há mais de 10 anos, é filho do deputado federal Roberto Freire, presidente nacional do partido.
Em 2004, foi candidato a vereador do Recife.
Hoje ocupa a função de superintendente de Articulação Pol?tica e Institucional da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos de Pernambuco.