Por Cec?lia RamosRepórter do Blog Os presidentes estaduais do PSB, Milton Coelho, e do PT, Dilson Peixoto, avaliam, nas entrevistas a seguir, os impactos das denúncias da CPI das Sanguessugas sobre as campanhas dos seus candidatos ao Governo de Pernambuco - Eduardo Campos (PSB) e Humberto Costa (PT).
Eles são unânimes em criticar o deputado federal Raul Jungmann (PPS), vice-presidente da CPI e candidato à reeleição pela aliança de apoio ao governador Mendonça Filho (PFL), principal adversário de Eduardo e Humberto. "Quem apresentou emendas para ônibus foram os deputados da aliança", ataca Coelho. "A CPI está virando uma brincadeira", dispara Dilson. "É uma coisa dos desesperados, de quem está com dificuldade de se reeleger, vai lá para aproveitar os cinco minutos de fama." O Blog tentou, sem sucesso, ouvir também o presidente do PFL no Estado, deputado federal André de Paula.
Vamos continuar tentando hoje.
A seguir, as entrevistas: MILTON COELHO "Essas forças da União por Pernambuco sempre partem para o ataque pessoal" Qual é a relação de Eduardo Campos, enquanto ministro da Ciência e Tecnologia, com a denúncia de superfaturamento de ônibus?
Isso não faz o menor sentido.
Aqueles que quiserem usar isso na campanha vão ter que provar.
E já estamos escaldados (com ataques pessoais).
Essas forças da União por Pernambuco sempre partem para o ataque pessoal.
De tempos em tempos o poder pol?tico e econômico acumula forças e reproduz a mesma prática: pouco propositiva e com ataques pessoais.
Essas acusações estão tendo uso pol?tico, estão sendo intrumentalizadas.
Estamos assistindo mais uma vez ao uso da mentira na pol?tica.
E quem está mentindo?
Não sei.
Quem usa da mentira já sabe.
O Brasil precisa aprimorar seus mecanismos de controle para coibir irregularidades, como têm sido apontadas a?.
Onde?
No Governo Lula?
Não só no Governo Federal, mas me refiro a tudo a que assistimos até aqui.
Se esses mecanismos de controle fossem mais r?gidos, não acontecia o absurdo de um pol?tico se candidatar sendo um devedor de bancos oficiais.
A quem o senhor se refere?
Falo de uma forma geral.
Na minha concepção, quem deve ao Estado, ao Brasil, não deveria ser candidato.
Isso é tão grave quanto as irregularidades que vimos ao longos desses últimos meses.
As denúncias referentes à CPI das Sanguessugas prejudicam a campanha de Eduardo ao Governo de Pernambuco?
Não vai interferir, tenho certeza.
Eu estive hoje (ontem) com Eduardo e ele está tranqüilo, mas indignado com tudo isso.
Ele não tem por que ser convocado (para depor na CPI).
Para isso seria preciso que tivesse algum elemento concreto.
As acusações se referem, na sua maioria, a recursos liberados para o Rio de Janeiro.
Fica evidente pelas contradições de Gabeira (o sub-relator da CPI dos Sanguessugas, deputado federal Fernando Gabeira - PV/RJ) que houve uma precipitação e um desejo de desfilar na imprensa em função do per?odo eleitoral e das dificuldades que ele enfrenta no Rio de Janeiro.
Mas as denúncias envolvem deputados do PSB.
Ao todo, 16 dos 30 deputados do PSB apresentaram emendas para compra de ônibus para o programa de inclusão digital.
Não tem nenhum deputado de Pernambuco.
E sabe por que?
Porque, em Pernambuco, todas as emendas individuais tiveram autoria de integrantes da aliança (União por Pernambuco - PFL/PSDB/PMDB, do governador e candidato Mendonça Filho/PFL).
Quem?Isso eu não posso falar.
Quem teria interesse em desarticular a candidatura de Eduardo Campos?
Não sei.
Mas o que muita gente precisa é se desiludir porque não mais se repetirá o julgamento sumário e aniquilamento moral, como o ocorrido em 1998 (quando Miguel Arraes concorreu ao Governo de Pernambuco com Jarbas Vasconcelos).
Quem quiser acusar que prove.
A campanha já mostra desde agora que Eduardo é um osso muito duro de roer.
Atribuiu isso (as acusações) a essa central de boatos que tenta, em vão, desestabilizar a candidatura dele.
A disputa sucessória já se mostrou acirrada desde a pré-campanha.
Como fica o pacto de não agressão entre Eduardo e Humberto?
Está tudo tranqüilo.
Nós temos em mente que o nosso adversário é Mendonça Filho.
Não estamos interessados em enfraquecer Humberto.
Vamos ultrapassá-lo na hora e na medida certa.
Qual será a linha do guia eleitoral de Eduardo Campos?
Será propositiva.
Vamos mostrar as propostas de Eduardo.
A estrela do nosso programa será o povo.
A receita é simples.
Agora, como oposição ao Governo do Estado, vamos mostrar o que eles não fizeram.
E não precisa muito para tensionar com eles.
A realidade do pernambucano já é um fator de tensão.
Vamos mostrar a realidade e como podemos alterá-la.
E quanto à participação do presidente Lula (PT) no guia de Eduardo?
O PSB fez uma consulta ao Tribunal Superior Eleitoral, sobre essa participação.
Ainda não tivemos resposta se vamos poder ou não usar imagem e pronunciamento de Lula no guia.
DILSON PEIXOTO "Vamos dizer: E ai?
Provem" Segundo o vice-presidente da CPI das Sanguessugas, Raul Jungmann (PPS/PE), o empresário Luiz Antonio Vedoin, da Planam, também apontou irregularidades em duas licitações realizadas para a aquisição de mais de mil ambulâncias, cada uma, destinadas ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
E esse é um dos principais programas da gestão de Humberto Costa no ministério da Saúde.
Qual é o peso dessa nova acusação na campanha?
Todo dia chega um e levanta uma história diferente, mas estamos tranqüilos.
Humberto não tem medo de qualquer investigação.
O próprio Humberto falou com Biscaia (presidente da CPI das Sanguessugas, deputado Antônio Carlos Biscaia - PT-RJ) para se, em caso de aparecer alguma coisa, chamar logo ele (Humberto).
Na semana que vem eles encerram o relatório da CPI e isso (de todo dia aprecer uma história) pára.
As denúncias prejudicam a campanha de Humberto ao Governo de Pernambuco?
Infelizmente não temos controle sobre isso.
Essa CPI está virando uma brincadeira. É uma coisa dos desesperados, de quem está com dificuldade de se reeleger, vai lá para aproveitar os cinco minutos de fama, para aparecer.
Seria uso pol?tico?
Cada semana inventam uma coisa, mas o engraçado é que não aparece ninguém para falar do governo anterior. É só agora, perto da eleição, e em cima do nosso governo (de Lula). É meramente uso eleitoral.
Enquanto isso, Lula subindo nas pesquisas, e Geraldo Alckmin, caindo.
Ou seja, mostra que não adianta muito esse tipo de ataque.
Agora é claro que a gente perde tempo respondendo a essas coisas.
Quem teria interesse em desarticular a candidatura de Eduardo Campos?
Acho que o clima de boato acabou.
Ainda mais depois dessa pesquisa (Ibope/TV Globo), da semana passada (que aponta Mendonça Filho com 32% das intenções de voto; Humberto Costa, 24%; e Eduardo Campos, 14%).
Consolidou ainda mais a candidatura de Humberto.
Com a TV, o espaço ficará ainda maior para nós.
O PT local fez pesquisas para avaliar o impacto das denunfcias da CPI das Sanguessugas?
A gente está fazendo essa semana uma pesquisa interna, da? vamos ter uma avaliação.
Não sei detalhes da pesquisa.
Estamos fechando essa semana.
Os adversários vão usar as acusações contra Humberto.
Como o PT está se preparando?
Primeiro vão ter que provar.
Essas denúncias não resistem, não têm consistência.
Só estão gerando manchete para o guia eleitoral.
Os nossos adversários vão usar manchetes de jornais, mas que não têm consistência nenhuma.
Vamos dizer: E ai?
Provem.
Qual será a linha do guia eleitoral de Humberto?
O primeiro programa nós vamos fazer bem tradicional, mostrando o candidato, o que ele fez enquanto homem público e a relação dele com o presidente Lula.
Agora até por ser oposição, é óbvio que vamos apontar as deficiências do Governo do Estado.
Mas as cr?ticas não serão o centro.
Nós vamos mostrar o nosso candidato e as propostas dele.
Confiamos plenamente que por estarmos no palanque do presidente Lula será um diferencial.
O depoimento de Lula para Humberto ainda não foi gravado, mas vamos ter no guia.
A disputa sucessória já se mostrou acirrada desde a pré-camapanha.
Como fica o pacto de não agressão entre Eduardo e Humberto?
Não tem clima ruim.
Está tudo transcorrendo de forma natural e na base do respeito.
Eduardo é concorrente, não é adversário.
No guia, por exemplo, não vamos colocar nada com ele ou contra ele.